Fantasmas | Crítica

Pedro Antonio
2 min readJul 21, 2024

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Cena do filme (Foto: Fimes de Plástico)

Durante os primeiros minutos de Fantasmas nos fazemos várias perguntas. Questionamos de quem são as duas vozes masculinas que ouvimos, por que não vemos seus rostos ou ao menos as mãos como num jogo em primeira pessoa. Entendemos aos poucos que não estamos necessariamente no ponto de vista desses personagens, mas não sabemos de que parte estamos observando, o que deveríamos estar olhando ou por quê. Devemos contar carros ou nos lamentar, agora em 2024, pelo preço do combustível em 2010? O motivo de todas as questões é que, apesar de estarmos ali estaticamente observando tudo, como um ator na coxia do teatro, estávamos observando esperando a hora de entrar em cena.

A partir do momento que a câmera é reconhecida como um elemento diegético, algo fisicamente presente dentro do universo do filme e manipulada pelos personagens, fica claro que o objetivo nunca foi que nos puséssemos no lugar dos dois homens, o papel do espectador é apenas o de ser a câmera, que através de sua lente observa de maneira objetiva. A partir dali, aprendemos o que devemos procurar e nosso olhar, que havia se mantido estático até então, é movimentado, direcionado e como um toque final de mestre: repetido, com as imagens salvas sendo manipuladas a gosto de quem está em posse da câmera e, portanto, tem o poder de capturar, armazenar e reviver esse momento, ou ficar preso a ele.

Curta de 2010 dirigido e roteirizado por André Novais Oliveira, disponível na íntegra no YouTube

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Pedro Antonio

Apaixonado por filmes, viciado em livros, consumidor voraz de batata frita. Jornalista, professor e sonhador nas horas vagas